CORPO, MERCANTILIZAÇÃO E EDUCAÇÃO: UM DEBATE NECESSÁRIO
A vida em sociedade exige que os indivíduos incorporem diferentes referências culturais mais ou menos comuns, possibilitando a unidade social.
Na sociedade capitalista, uma das referências culturais é a tendência de transformação de tudo em mercadoria. Não somente além da força de trabalho, também os sentimentos e desejos tendem a se tornarem mercadorias.
Nesse processo, o ser humano que sente, pensa e age tende a se coisificar e as coisas, concomitantemente, tendem a ganhar vida. Um dos mecanismos sociais que expressão esse movimento é a imposição dos padrões estéticos que ao definir o que é “belo” e o que é “feio”, estabelece o que deve ser consumido, indicando que mercadorias se tornem mais importantes do que a vida humana.
A mercantilização dos corpos gera um conformismo social, onde homens e mulheres são submetidos à um ordenamento político, econômico, social de uma cultura que não tem o ser humano como centro do processo histórico
Uma das principais evidências desse processo é o fenômeno da “corpolatria”. , isto é, idolotria do corpo ou o culto obsessivo a um certo padrão estético de beleza.
Na sociedade capitalista a corpolatria oferece o “milagre” do prazer concretizado pela busca do “belo”. Além de realizar um “desejo”, a corpolatria permite que uma pessoa se sinta aceita socialmente ou se perceba como uma pessoa do seu tempo.
Essa referência cultural foi cada vez mais legitimada socialmente pela mídia, naturalizando o processo de mercantilização do ser.
Diante do que foi exposto, cabe uma indagação: qual deve ser o papel da educação escolar diante desse fenômeno social? Acreditamos que a escola tem o papel de conscientizar os alunos sobre as imposições culturais , em especial aquelas voltadas aos pradrões estéticos estabelecidos pela lógica do mercado. Problematizar a questão das diferenças pode ser o ponto e partida para compreensão de que não existe um ser perfeito ou uma beleza perfeita que deve servir de exemplo para todos.
É necessário construir um pensamento crítico que, ao desestabilizar a ideologia da corpolatria, sinalize o caminho de uma construção cultural em que a vida não se subordine à lógica mercantilista, promovendo desse modo a formação de uma cultura nova capaz de estabelecer novas relações sociais.
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